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quarta-feira, 27 de junho de 2007

Conlutas encontra-se com presidente do Haiti nesta quinta

Nesta quinta-feira, a delegação da Conlutas que pede a saída das tropas brasileiras do Haiti se encontra o presidente do país, René Préval (foto ao lado). O encontro está previsto para as 9 horas, no horário local.


Também serão realizados encontros com o primeiro ministro do Haiti e ministros de Assuntos Sociais e do Trabalho e do Comércio e Indústria. Por conta das reuniões simultâneas a delegação deverá se dividir.


A delegação entregará ao presidente Préval a "Carta ao Povo Haitiano", que exige a retirada da força militar que oprime a população do Haiti.

Estudantes e professores haitianos recebem delegação

Na tarde desta quarta-feira, a delegação da Conlutas e de outras entidades teve um encontro com os estudantes e professores da Universidade do Estado do Haiti.

Neste encontro, o decano da universidade saudou os componentes que visitam o país e se posicionou a favor da luta pela retirada das tropas estrangeiras da nação mais pobre das Américas.

Junto com o professor, foi montada uma mesa de debate composta pelo coordenador da delegação e membro do PSTU, Antonio Donizete Ferreira, a dirigente nacional do PSOL Janira Rocha e o universitário Leandro Soto, que é da Conlute (Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes).

Aproximadamente 150 estudantes haitianos, de vários cursos, tomaram boa parte das dependências do auditório da universidade. Houve muitos aplausos para as intervenções dos membros da delegação.

Durante o encontro, todos os delegados foram chamados ao palco para serem apresentados aos universitários haitianos.

“Esta ocupação das tropas brasileiras e internacionais no Haiti só interessa aos grandes capitalistas, que querem lucrar ainda mais com a exploração do povo haitiano”, afirmou Leandro Soto, em sua apresentação, que foi traduzida para o creole (língua da maioria do povo) pelo companheiro Didier, da “Batalha Operária”.

Vários estudantes e professores haitianos seguiram na mesma linha: criticaram a presença das tropas de ocupação em seu país.

Confira áudio-matéria da reunião da delegação com o embaixador e o comandante da Minustah

A reunião com o embaixador brasileiro no Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, e o comandante das tropas da Minustah (missão que ocupa o país haitiano), general Carlos Alberto dos Santos Cruz, terminou por volta das 13 horas, horário local*.

Clique aqui e baixe a "áudio-matéria" deste encontro, no qual reiteramos veementemente nossa posição pela retirada das tropas brasileiras e internacionais do Haiti.

*Em comparação com o Brasil (horário de Brasília), o Haiti tem duas horas a menos.

Membros da delegação pedem a saída das tropas em reunião com embaixador e comandante da Minustah

A delegação da Conlutas e de outras entidades está reunida neste momento com o embaixador brasileiro no Haiti, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, e com o comandante da Minustah (missão da ONU que ocupa o país), general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Estamos na sala em que acontece a reunião e utilizamos o sistema de rede da própria embaixada através do notebook de nossa equipe de imprensa.

No encontro, também estão presentes a embaixatriz e outros militares brasileiros.

O advogado e um dos coordenadores da delegação, Antonio Donizete Ferreira tomou a palavra e expôs a posição do grupo contrária a presença das tropas brasileiras que serve para “oprimir o povo haitiano”.

Outras pessoas criticaram a violência do exército, principalmente nas incursões nos bairros pobres, e até os casos de estupros cometidos pelos próprios militares contra mulheres haitianas.

“Temos até a percepção de que o comandante não ordena que seus subordinados matem os pobres ou que estuprem as mulheres. Mas isso está acontecendo. Por isso, defendemos a saída imediata das tropas do Haiti”, disse Janira, integrante da delegação e dirigente nacional do PSOL.

A reunião prossegue neste momento.

(foto: Wladimir de Souza)

Nesta quarta, delegação encontra-se com embaixador brasileiro

A delegação de entidades brasileiras no Haiti encontra-se nesta quarta-feira, dia 27, pela manhã, com o embaixador do Brasil no país.

Entre outras coisas, o grupo vai exigir a retirada das tropas brasileiras do Haiti.

À tarde, vamos falar com professores e a reitoria de uma universidade.

Conlutas e “Batalha Operária” firmam compromisso de luta

No primeiro dia da visita da delegação ao Haiti, o compromisso foi com a Batay Ouvriye (“Batalha Operária”, na tradução para o português), entidade que recebe os 20 delegados brasileiros.

Na chegada ao aeroporto de Porto Príncipe, capital do Haiti, os membros da “Batalha” já nos aguardavam. De lá, pegamos um micro ônibus emprestado de uma universidade da região, que nos levou até o local da reunião.

No trajeto, já pudemos perceber a dura realidade do povo haitiano. Nas moradias precárias, nos veículos antigos e remendados e na imagem de crianças, adultos e velhos tentando ganhar algum dinheiro no comércio ambulante, vemos o rastro da usurpação provocada pelo capitalismo neste país.

Na reunião com os dirigentes da “Batalha Operária”, trabalhadoras e trabalhadores de várias categorias relataram o quadro de exploração vigente no país, perpetrado pela presença imperialista das tropas da ONU, sob o comando do exército brasileiro.

“Estamos muito felizes em receber a delegação de vocês”, disse Jorge, um dos dirigentes da organização. “Precisamos fazer uma luta conjunta com a Conlutas. Quando vocês tiverem alguma mobilização no Brasil, nos comuniquem para que possamos deixar nosso protesto na embaixada brasileira aqui no Haiti”, propôs.

O relato dos trabalhadores haitianos se deu com a colaboração de Jorge e Didier, outro componente da direção do movimento, que traduziam os depoimentos de ora francês ora creole (língua falada pela maioria da população) para um espanhol compreensível aos ouvidos brasileiros.

Um dos momentos mais intensos do encontro foi quando Didier leu a “Carta ao Povo Haitiano”, documento assinado pela delegação e por vários dirigentes políticos e de movimentos populares, sociais e de direitos humanos (Leia a carta aqui). A leitura do documento foi motivo para um efusivo aplauso dos participantes da reunião.

“Queremos sim fazer mobilizações conjuntas, apoiar e colaborar para intensificar a luta valorosa do povo haitiano contra a ocupação das tropas estrangeiras comandadas pelo governo brasileiro”, disse Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, em nome da delegação, às cerca de 50 pessoas presentes.

(fotos: Wladimir de Souza)

Primeiras impressões do Haiti

É claro que se pode aprofundar-se muito sobre o Haiti nas leituras de relatórios, livros e documentos, mas a experiência de ter o contato pessoal com um povo tão lutador num país tão cheio de contradições é muito singular.

Andando pelas ruas da capital temos a visão de uma multidão de pessoas procurando maneiras para enfrentar a pobreza e o profundo quadro de desemprego. Quase tudo está à venda nas mãos dos ambulantes. É chocante ver tantas crianças disputando um espaço para vender balas e doces nos semáforos. Pode até ser algo que vemos em São Paulo, mas aqui o número dos pequenos é muito maior.

O trânsito nas ruas de Porto Príncipe é “bem agitado”, se assim poderíamos dizer. Os motoristas insistem no toque irritante da buzina para quase qualquer gafe ao volante. Nas praças e nas ruas, o número de negros e negras, maioria absoluta da população, é enorme. É como se nas ruas estivesse passando, no carro do corpo de bombeiros, a seleção haitiana campeã da Copa do Mundo.

No trajeto aos locais de hospedagem da delegação, vemos um sem número de casas amontoadas morro acima. Ao anoitecer reparamos que nenhuma daquelas moradias tinha luz. Entendemos melhor a situação quando vimos que em nossos aposentos os geradores é que proporcionavam a iluminação necessária para as atividades noturnas.

Enquanto nós fazíamos artigos ou tratávamos fotos no Photoshop, do lado de fora o povo de Porto Príncipe, sem luz nas suas casas, saía às ruas, com velas acessas, num clima de bastante alegria. Sem dúvida, é um povo que merece muito a nossa admiração.

(fotos: Wladimir de Souza)