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domingo, 1 de julho de 2007

Delegação visita fortaleza do povo negro livre

Neste sábado, nossas atividades começaram bem cedo e, mais uma vez, terminaram muito tarde. Logo às 6 horas da manhã saímos de Cap-Hatien rumo ao forte da “Cidadela”, que foi a maior das fortalezas, de um total de 23, construídas pelos escravos negros que venceram seus opressores na revolução que terminou no início de 1804.

As imponentes construções, que ficam no planalto do Haiti, foram projetadas com as mais modernas técnicas da época, principalmente o forte da Cidadela. Seu objetivo era o de reforçar a defesa frente a um possível ataque e retorno dos franceses, seus colonizadores.

Os franceses nunca vieram, mas o papel dissuasório da Cidadela funcionou. Diz a história que um espião inimigo foi ao Haiti colher informações sobre o sistema de defesa local. Ao ver a grandeza da fortificação construída pelos negros demoveu seus superiores a tentar qualquer ação no território haitiano.

Suor e esforço
A caminhada para chegar ao forte da Cidadela não é fácil. Habitantes da vila próxima à forteleza oferecem cavalos aos turistas que querem evitar o desgaste de andar quase 40 minutos, debaixo de um sol escaldante, numa subida muito forte. É de literalmente se suar a camisa. Cheguei ao forte completamente molhado de suor, assim como os outros membros da delegação.

Conhecer este forte, que inclusive está sendo restaurado, é algo muito enriquecedor. Vendo a magnitude da construção e debatendo um pouco da história do Haiti, pensei como nossos livros escolares resumem a história dos povos da América Latina a um parágrafo ou dois. Lamentável. A trajetória da revolução negra haitiana, a primeira das Américas, é muito rica e cheia de detalhes interessantes. Um bom livro para se ler sobre esse tema é “Jacobinos Negros”, de C.L.R. James.

Pobreza
Em nossa rota de conhecimento histórico, nos deparamos, como em todos os dias de nossa jornada, com a miséria dos irmãos haitianos. São pessoas que pedem dinheiro aos turistas, lhe oferecem seus produtos artesanais e tocam instrumentos musicais em busca de alguma gorjeta que, possivelmente, lhe garantiria o pão na mesa de suas famílias.

Alguém pode se perguntar se no Brasil não ocorre a mesma situação. Responderia que sim e não. No Haiti as dimensões da pobreza são muito maiores, basta conferirmos alguns número deste tão pobre país:

- A renda per capita anual do Haiti representa 15% da média latino-americana;
- Menos de uma pessoa entre 50 tem emprego fixo;
- Menos de 40% da população têm acesso à água potável;
- O analfabetismo atinge 45% da população;
- A expectativa de vida caiu de 52,6 anos em 2002, para 49,1 anos em 2003.
- Só 24% dos partos são atendidos por pessoal qualificado;
- O país ocupa o posto 153° na classificação do IDH, de 2004. *

Ainda neste dia, nos encontramos com trabalhadores em Ouanaminhthe, cidade das “maquiladoras”, empresas que exploram os trabalhadores o quanto podem, de forma análoga à escravidão. Chegamos a passar em frente de uma, a Codevi, mas isso fica para um próximo post, assim como as histórias do bloqueio de pontes por conta das chuvas e a falta de acesso à Internet. Até lá.

* Dados colhidos pela missão de solidaridade do Jubileu / Sul

(fotos: Rodrigo Correia)

Um comentário:

Anônimo disse...

Companheiros, saudações para todos. Vc's estão cumprindo um papel muito importante, que deve ser descrito e repassado para a maior qtdade de pessoas possível, pois a história de opressão e miséria no Haiti não é dos dias de hoje mas é quase sempre secundarizada.
Que vc's levem mais força e luta aos haitianos!